sábado, 20 de abril de 2013

Em busca de uma paisagem

 
" O corpo é infinitos pontos, é uma linha, é uma onda, um oito infinito, um círculo … A base da minha coreografia é que os bailarinos estão sendo movidos. No Japão temos muitos espíritos, eles estão em todas as partes. Eles estão cheios de energia vital e os encontramos em movimentos como do vento. No palco eu deixo me mover pelos espíritos através da imaginação. A minha fonte de energia é um pequeno sol, situado no Tan-Den, o centro do meu corpo. Minha coreografia é ao mesmo tempo lógica e irracional, o que significa que todos os sentimentos tem uma forma física.Quando notas que há dentro de ti um parasita faminto, vivendo das tuas memórias, então alimenta-o bem com o teu corpo até, num crescimento constante, ele tenha devorado tudo de ti. Então, deixa ele dançar. Isto é tudo." Minako Seki 


Na mesma semana que iria conhecer a bailarina japonesa Minako Seki, radicada em Berlin, assisti ao documentário do alemão Win Wenders, sobre o estilista japonês Yohji Yamamoto. O documentário levanta questões sobre identidade, pertencimento, sobre quem nós somos, mas principalmente sobre a vida e o processo criativo. Yamamoto, artista da efemeridade da moda, questionava-se sobre o que as pessoas querem, o que elas gostam, como vivem. Curiosidade pelas vivências, pelos rostos, pelas roupas. A criação de roupas tendo como base os movimentos, buscando a não simetria.

Minako Seki, bailarina japonesa pertencente à terceira geração de dançadores de butoh, esteve em Porto Alegre a convite do Centro Meme, para ministrar um workshop sobre suas buscas. Conheci uma artista do corpo que também faz as mesmas perguntas, que também questiona-se, que olha para dentro e respeita seus fantasmas, que busca e trabalha esta “paisagem interior”. Ela denominou o seu estilo de dança como “Dançando no entre” ou “Dancing Between“,que proporciona infinitas possibilidades de criação de movimentos.

Então eu penso que essa dança poderia ser o “entre a” consciência e a imaginação. Consciência de que que estamos num planeta, de que somos influenciados pela gravidade, de que estamos nele, mas somos ele ao mesmo tempo. Imaginar nossa paisagem interior - landscape ideal - lá onde você sabe que está conectado com você mesmo. Consciência de nossos fantasmas. Eles são a nossa memória. Do corpo, das experiências vividas, das nossas lembranças. Mas não era para buscar entender, interpretar, era para brincar. Assim como uma criança numa loja de brinquedos, você deixa essa energia vital, o “tan den”, tomar conta de você e começar a brincar. Brincar com a existência, com os seus fantasmas.

Patricia Soso e Minako Seki logo após o encontro
 Todo esse movimento buscava descobrir novas paisagens, descobrir a minha própria landscape. O movimento e o dançar como meio de acesso a novos lugares e possibilidades. O movimento como sinônimo de mudança. Não há mudança sem movimento. Pensei que todos estamos em busca de um desenho, de uma filosofia, de um modo de estar no mundo. Voltei a lembrar das palavras iniciais de Win Wenders em seu documentário:

“We change languages,
we change habits,
we change opinions,
we change clothes,
we change everything,
everything changes. And fast. Images above all".

Imagens e paisagens. Landscapes. Que respiram, que vivem.

Por Patricia Soso
Atriz, performer e pesquisadora. 



Para ver e saber mais:


http://www.youtube.com/watch?v=7XLQXefHhiM (Documentário Identidade de nós mesmos, de Win Wenders (1989 - “Notebook on cities and clothes”)  

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Roundabout LX - Inaguração de espaço experimental - Lisboa


O que um grupo de artistas faz quando precisa de um lugar para desenvolver seus projetos? Cria o seu próprio espaço. Artistas que colaboram juntos, trabalham juntos. Marcenaria, pintura, decoração, hidráulica.. tudo isso foi feito pelos próprios artistas. Porque não?


Abrindo espaço à martelada!

Quando conheci o Roundabout LX, em Fevereiro, estavam todos os artistas em meio às obras de engenharia do espaço. Uma das artistas, Luzía Andújar (também fundadora da Dinamita Producciones) comentou que era interessante perceber a real noção do tempo. Lembrou ela que estamos tão acostumados ao imediatismo tecnológico e de informação, que quando nos deparamos com ações concretas, como martelar um assoalho ou instalar uma rede elétrica, percebemos o valor do esforço e do tempo real que estas ações exigem para serem executadas. Uma verdadeira obra artística. Já de cara percebi que este atelier seria um espaço para o desenvolvimento pessoal e criativo. Ponto de encontro e largada para vários projetos e intercâmbio de ideias.

Roundabout LX é um espaço experimental de arte na freguesia dos Anjos, Lisboa (LX). É um ponto de conexão social e criativo para um grupo internacional de agitadores interdisciplinares. O espaço será usado para as atividades de pesquisa de seus integrantes e também será um espaço para abrigar residências, exposições, eventos culturais e outras atividades artísticas para crianças e adultos.

INAUGURAÇÃO DO ATELIER
Os dias 6 e 7 de abril próximos, sábado e domingo, foram os dias escolhidos para comemorar a abertura.
Imagem do novo trabalho de Dani d'Emilia, uma colaboração site-specific que conta com a participação dos 10 artistas residentes no Roundabout. Desenhos: Marta Angelozzi | Foto: Angela Alegria
Ao perguntar à Dani d’Emilia, ítalo-brasileira (que também faz parte do grupo La Pocha Nostra), sobre a nacionalidade dos artistas, ela teve um sobressalto. Embora os artistas envolvidos neste espaço sejam de diferentes grupos e nacionalidades -  Portugal, Moçambique, Espanha e Brasil, a sintonia deles é tão grande que acabam por transcender a questão territorial.


A comunicação entre eles - Edgar de Oliveira, Marta Angelozzi, Luzía Andújar, Pat Campo, Dani d’Emilia, Angela Alegria, Renata Ferraz, Susana Contino, Irene Pomatto and Denise Santos - e agora também com outros coletivos e a comunidade, busca sempre novos pontos de convergência e faz da arte a principal linguagem.

Pra saber mais, entra no site http://roundaboutlx.wordpress.com/ ou manda mail para contact.roundabout@gmail.com


8º Encontro do Instituto Hemisférico



O Instituto Hemisférico de Performances Políticas (http://hemisphericinstitute.org/hemi/pt) promove, a cada dois anos, um encontro internacional de performance política.
 Este ano o Brasil (São Paulo) foi sede do encontro. Entre os dias 12 a 19 de janeiro aconteceu o 8º Encontro do Instituto Hemisférico. O evento foi realizado nas dependências da Universidade de São Paulo, do SESC Vila Mariana e SP Escola de Teatro.


Violeta Luna

O evento tem como ideia principal promover o intercâmbio e a discussão de ideias e temas como fronteiras, identidade e práticas de pesquisa, entre os artistas das Américas e o público. O encontro contou com conferências acadêmicas, grupos de trabalho, performances, instalações, mesas-redondas, exposições, projeções de vídeos e oficinas práticas de performance.  
Violeta Luna

Dentre os vários e talentosos performers e grupos que apresentaram-se durante a semana do evento, vale destacar Violeta Luna (www.violetaluna.com), atriz/performer/ativista mexicana. No estilo de ritual,  sua performance -  Réquiem para uma história perdida, recordou os assassinatos cometidos durante a iniciativa da “guerra às drogas” do governo central do México. Um trabalho minimalista e de grande impacto. Usou elementos/símbolos - pó branco, líquido vermelho, terra, etiquetas de preços, fotos. Ao fundo, som de vozes colombianas de protesto, exigindo justiça e falando o nome de alguns executados. O mesmo discurso sonoro também era sobreposto de vozes de discursos políticos em inglês, falando da questão da fronteira, da segurança. Delicado e potente.  

Marc Bamuthi Joseph
Dos EUA, por outro lado, o performer/bailarino/poeta Marc Bamuthi Joseph (que está a frente do http://livingwordproject.org/core) trouxe a performance Mundo Falado (The Spoken Word). A performance fala da sua história de vida, misturando dança e poesia. O ritmo contagiante de suas palavras e movimentos fizeram suspender o tempo e entramos com ele eu seu processo criativo. A performance era acompanhada por um baterista, que trouxe o jazz e o hip hop para a cena. Da rua, livre, da academia, palavras e suor.

Dentre os grupos, um dos esperados era o coletivo La Pocha Nostra (www.pochanostra.com). 

Dani d'Emilia -  La Pocha Nostra

Roberto Sifuentes - La Pocha Nostra

Apresentaram um mix de performances simultâneas, com artistas do grupo e convidados locais, em uma das grandes salas do Sesc Vila Mariana. O público circulava através destes totens subversivos, instigados a registrarem e publicarem em seus veículos digitais instantaneamente o que estavam vendo. Com variadas temáticas e de grande impacto visual, o coletivo cutucou o inconsciente dos presentes, fazendo pensar a ordem e os tabus.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Prêmio Açorianos Melhor Atriz 2012

Abrindo os trabalhos e as postagens deste ano, segue a foto dos Prêmios Açorianos recebidos pela vai!ciadeteatro em 2012. Um grito de felicidade saiu da minha boca ao ler o sms de que eu tinha ganho o Prêmio Açorianos de Melhor Atriz com o espetáculo Cara a Tapa. Logo depois vieram mais dois sms me atualizando que o Leo Fanzelau ganhou por Melhor Cenografia e fechando a noite de emoções via celular, o Açorianos de Melhor Direção para o João Pedro Madureira! Yes!!!!!!

E vaaaaaaaaaaai!!!!!! vai!ciadeteatro!!!!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

FILÉ DE BORBOLETA

Curtas Gaúchos 
Filé de Borboleta - Episódio "A Roda da Fortuna" Direção de Cristiano Trein

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Aconteceu nos dias 06, 07 e 08 de fevereiro, no Auditório do IEL – UNICAMP, em Campinas,  o Seminário Internacional O Corpo-em- Arte: Reflexões Cênicas Contemporâneas